segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Reestruturando...

Sempre que se pensa em mudança, vem logo aquela imagem de autoconhecimento através de meditação e observação de erros passados. Mas... estive pensando que muita gente comete o erro de passar a vida apenas observando o que fez de errado.
Acontece que quando se faz alguma coisa, que julgamos como um erro de percurso, começamos a procurar explicações plausiveis para o erro, a achar aceitável e inevitável. Não se sai do foco, não se pensa a frente e muito menos se analiza com frieza. É dificil ser crítico consigo mesmo.
E então começamos a deixar de lado o que deveria ser concertado e fugimos para procurar os pontos positivos de onde estamos. E é ai que as mudanças necessarias deixão de acontecer.
Faz parte da mentalidade humana relevar e usar o tempo como aliado para generalizar os pontos positivos, que muitas vezes não existem.

"Meu trabalho não é tão ruim assim. Eu recebo em dia."
"Meu casamento não é tão ruim assim. Minha esposa cozinha bem."
"Eu não sou infeliz, só não encontrei a felicidade ainda. Uma hora ela aparece."

O tempo é uma faca de dois gumes: Cura as feridas, traz a verdade a tona, torna sapos em principes e "baleias" em "sereias".
Mas nos torna complacentes com relação a nossa vida. Quem quer mudanças não deixa que a decisão de mudar esfrie.
Faz acontecer.

Claro que existe a forma errada de fazer. Minha amiga é uma daquelas pessoas que são de dar a cara a tapa, de enfrentar a todos de peito aberto, mas sempre tendo que se explicar pelas merdas que faz, pelas atitudes erradas que tem. Ja entendi que ela é assim, e dificilmente vai compreender as sutilezas do tempo.

Pra fazer acontecer, tem que se ter a noção de que onde voce esta não é o lugar ao qual pertence. Ou o lugar em que mereça estar. E chegar a essa conclusão é dificil.
Por isso aja assim que puder e não deixe que sua mente tenha tempo de se colocar contra voce. De criar negatividades, impossibilidades e retrocessos.

A algum tempo não estava feliz com meu trabalho: estava sempre angustiada, era perseguida por uma colega e não ganhava para isto. Permanecia porque achava que não conseguiria algo melhor.
Então dia desses pedi demissão!

Engraçado que durante todo o processo eu me perguntava o que estava fazendo, o que faria no dia seguinte, o que eu queria da vida. Me torturei bastante, mas não voltei atras e decidi até que ficaria um tempo de molho descansando.

Fiquei alguns dias em casa e quando achei que ia pirar, um amigo me ligou e me fez uma proposta de trabalho, em uma área completamente diferente da qual eu tinha experiência. Assim, do nada!
Ja comecei e estou feliz (Não satisfeita!)com o novo desafio.

O pior inimigo de um ser humano é ele mesmo. Sua capacidade intelectual mal empregada. A forma errada de usar o tempo, as desculpas sobre si mesmo e os outros. Quando se vence essa barreira voce descobre que para caminhar, basta dar o primeiro passo.

Não existe incapacidade, apenas algo que ainda não aprendeu como lidar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Minha mãe...

... É uma dessas pessoas que vem ao mundo para cuidar dos outros.
Sempre me pergunto de onde vem tanta honestidade.

Minha mãe sempre morou no interior e não teve muitas coisas fáceis na vida. Me disse desde de cedo, que uma mulher deve ser independente, ter seu próprio dinheiro, ser dona do próprio nariz e jamais passar por cima dos outros. Que o nome é o que temos de mais valor, que o meu corpo não tem preço e que devemos ser leais a nossos amigos. Que amor e ódio são duas coisas bastante parecidas e que eu devo tomar cuidado para não transformar um em outro. Que vícios atraem mais vícios, que tudo depende da minha força de vontade, que desistir a vezes é necessário, mas que sempre é possível  retomar um sonho.

É engraçado, mas não me lembro de um dia em que eu e minha mãe tenhamos tido aquela proximidade, tão explorada em filmes e histórias. Sempre nos atemos ao ato de viver e conviver. Nunca houve espaço pra sermos amigas. Minha mãe sempre se preocupou mais em ser mãe e dona de casa.

Ja a culpei por isso. Ja disse coisas que devem te-la magoado muito. Ja fiz outras muitas...
Mas de uma forma estranha, nossa convivência sempre foi marcada pela estrada unica que trilhamos.
Sempre estivemos juntas e não conheço uma pessoa mais coerente que ela.

Minha mãe não sabe dirigir, não fez faculdade e o português dela não é muito bom.
Mas é sábia, corajosa, tem um senso de justiça único, respeita hierarquia, luta pelo que quer e por que ama.
Não acho que um dia seremos "amiguinhas", pois minha mãe não é dessa época e, sinceramente, nem eu. Mas hoje criamos uma proximidade diferente. Nascida, não do dever de ser mãe, mas do aprendizado do que é ser filha.
Ja a decepcionei muitas e muitas vezes e ela nunca desistiu de mim. Ja a culpei por minha solidão, mas hoje sei que ela nunca me deixou sozinha. 
Vou tentar fazer mais por ela. SER mais por ela.
Não existem pessoas pelas quais não valem a pena lutar. Mas existem aquelas que sempre serão um motivo. Que sempre nos dará orgulho e pelas quais se vale a pena viver.

Eu amo minha mãe!
A honestidade dela!
A alegria dela!
A menina que ela sempre foi!

Eu amo muito minha mãe e vou dizer isso a ela!

Uma amiga...

Nessa semana que passou eu fiz algo que eu queria fazer a algum tempo. Não falava com uma amiga a uns 10 meses por causa de um desentendimento. Ela teve uma atitude que não gostei.
Minha amiga é problemática. Uma dessas pessoas que gostam de viver perigosamente, se meter em encrencas, tem relacionamentos tortos e que são extremamente dependentes do quanto, o namorado em questão ganha ou tem, etc...
É a tipica "interesseira".

O que ela me fez me deixou bastante magoada. E por algum tempo eu quis ela bem longe de mim. Mas então nessa semana eu resolvi falar com ela, colocar o papo em dia, reatar alguns laços.
Quando pensava nisso anteriormente eu me sentia uma idiota: sentir saudades de quem me fez mal, querer reatar algo com alguém que já tinha me apunhalado antes?!
Ficava confusa.

Mas, sinceramente, a gente não escolhe quem nos faz bem.

Eu conhecia minha amiga. Sempre soube de todos os pontos fracos e fortes dela. Então, ela nunca me enganou. Continua sendo uma interesseira e não tem muitos escrúpulos.

Mas ela ja cuidou de mim em um dia que eu estava doente. Ja me abraçou quando eu estava triste. Ja me fez rir contando piadas...

Uma vez eu ja tive uma aula que falava sobre argumentação. Sobre a verdade ser apenas uma questão de ponto de vista. Que, só por que uma ideia é bastante difundida, não quer dizer que seja uma verdade absoluta.

Sempre ouvi muito sobre caráter, sobre qualidades e defeitos, verdades e mentiras, sobre o universo das convivências em geral. Todo mundo fala demais e acabam criando um mundo imaginário em que, só quem é bonzinho e politicamente correto merece ser amado e querido.

A realidade é tão diferente.

Minha amiga não é um exemplo de pessoa de 'bem'. Mas eu a adoro apesar de ela não ser perfeita, apesar de ter me magoado, apesar de não tomar as melhores decisões. Até porque, foi sempre ela quem sentiu as piores consequências.

Enfim, a gente sempre tem uma certa noção de com quem esta lidando. E por isso sabemos o que pode vir de diversas direções. Falar mal, apontar erros e soluções é simples.

É difícil é admitir que perdoa e que consegue seguir em frente apesar do que passou. Mas se uma pessoa se mostra exatamente como é, você não pode dizer que foi enganado. Conviver é se arriscar.

E perdoar é muito mais fácil do que se imagina. Só é difícil  quando você se coloca, exclusivamente, no lugar de quem te magoou. Tudo vira maldade, tudo se torna pior, não existe mais um ser humano que erra. Que pode ter agido sem pensar. Só existe alguém que merece punição.

Não digo para que passem por cima de barbaridades e vivam a abraçar seus inimigos. Ninguém consegue isso.

Mas as vezes perdoar é uma questão de amor próprio.
De SE dar uma nova chance.
De resgatar algo que tem importância, apesar de não ser perfeito.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Um amigo...

Agora a pouco tive uma surpresa desagradável. Então resolvi escrever sobre...

A pouco mais de um ano conheci uma pessoa diferente. O tipo que você pensa "Puxa, que bom que te conheci."
Ele sempre esteve a par da minha condição de "vitima perante a vida". Estava sempre me estimulando e brigando comigo, literalmente. Mas nunca teve sucesso.
Na semana passada tivemos uma discussão iniciada por mim. Eu fui infantil e o acusei de algumas coisas sobre as quais não tinha certeza.
Passei o fim de semana sem conseguir dormir direito. Tudo que que ele havia me dito durante todas as nossas conversas veio a tona, juntamente com o que minha mãe ja me disse. Foi o que deu inicio a minha vontade de crescer como ser humano e mudar minha conduta.
Eu me desconstruí, me dissequei, me autoanalisei até não aguentar mais pensar. O fato é que sai extremamente frágil dessa história e quando voltamos a conversar algo havia mudado. Eu queria que ele estivesse comigo, eu queria dizer que ele tinha razão. Mas não consegui. Não deu tempo.

Hoje ele me disse que não tem mais condição de conviver comigo.

A gente sempre acaba perdendo algo importante e sempre tem que lidar com a falta do que foi perdido.
As pessoas passam pela vida umas das outras e sempre levam e deixam algo.
Meu amigo me deixou um gosto momentâneo de decepção. Mas nós rimos juntos, conversamos muito e isso guardo com carinho.

Independente do que vá acontecer no futuro, ele foi importante pra mim.

Um relacionamento de amigos, namorados ou com familiares e colegas de trabalho; nunca é feito só por uma pessoa. Nunca é apenas um que tem a responsabilidade. As pessoas se doam, se entregam, colocam parte de si.
Por vezes e vezes distorcemos situações, colocamos palavras onde não existem, entendemos errado e por isso acabamos cometendo erros de julgamento.
Mas essa é a dinâmica dos relacionamentos.

Estou aprendendo isso agora, logo serão minhas verdades, mas o processo é longo.

Como meu amigo costumava dizer: Não existe erro, mas o modo errado de fazer.

Sempre pensei no duplo sentido da frase, mas isso fica pra outro dia.

Só quero deixar claro que aqui não haverão máscaras. Eu estou aprendendo e vou fazer coisas do modo errado. E sempre que isso acontecer, não vou esconder.

Se meu amigo um dia ler isso quero que saiba que eu não falava sério. Você será sempre bem vindo!

Inicio...

Não sei ao certo onde eu parei no tempo. Pra onde se foram os anos, a escola, os amigos. Não  sei se algum dia eu fiz realmente parte de alguma coisa. Eu não costumava sentir muita coisa. Se eu falava de sofrimento, de mágoa, de tristeza era por que eu não sabia o que significava.
Sempre olhei tudo de uma forma mais sensorial, sem objetividade, sem me ater as nuances. Minha adolescência inteira foi assim. Um emaranhado de imagens em preto e branco.

Eu tinha uma melhor amiga na escola e ela não significava nada. Me recordo do meu professor preferido e ele também não significou nada. Ninguém teve significado pra mim.

Mas eu me lembro do primeiro livro que eu li; A herdeira de Sidney Sheldon. Falava de uma garota que crescia isolada por não saber o que ela significa. Não era bonita na adolescência, mas era inteligente, sensível e cheia de bons sentimentos. Me identifiquei com a personagem por que era como ela.

Hoje eu entendo o quanto era isolada e o quanto isso me prejudicou. Me tornei a própria inércia; incapaz de lutar pelo que quer que fosse. Pode parecer besteira, mas eu tinha duas almas (é como consigo explicar melhor.), uma via tudo, falava, tomava decisões. Mas não era a verdadeira. Minha alma de verdade estava isolada em algum lugar e minha consciência estava nela. Também isolada. Incapaz de ver, de viver, de lutar...
O colegial acabou. Os anos foram passando e eu continuei vivendo e não vendo nada. Poucas coisas me marcaram nesse período.

Eu tinha uma prima que tinha câncer. Um dia fui visitá-la e ela não estava muito bem. Quando estávamos saindo eu senti vontade de dar um abraço nela. Mas não o fiz.
Ela morreu uma semana depois. Foi a primeira vez ,em muito tempo que senti arrependimento e foi horrível. Jurei pra ela que viveria por nós duas. Mas hoje me sinto uma mentirosa. Incapaz de cumprir algo que não poderia descumprir.


E a dois anos atrás perdi minha avó materna.  Ela era gordinha, pequena e extremamente amável. Partiu de repente, sem que ninguém esperasse. Ela morava em outro estado e eu não a via a mais de 10 anos. Talvez se eu tivesse começado a trabalhar mais cedo teria dinheiro pra ir vê-la. Mais uma vez minha inércia me fez passar por algo que não tem volta.

Eu não tenho muita coisa. E quando digo isso, não me refiro a nada material, apesar de não ter muita coisa também. Não tenho história: vivi poucos relacionamentos, não tenho nenhum amigo próximo, não me decidi sobre carreira, não fiz muitas viagens.

Passo meus dias como um molusco: Me arrastando.

Então decidi que vou começar a viver, fazer diferente, fazer valer a pena. Primeiro devagar, mudando pequenas coisas, tomando decisões, me livrando dessa outra alma, da qual não preciso, e vou me colocar em movimento. Depois coisas maiores.

Sempre houve em mim um impulso de ser grande. De fazer coisas diferentes, de ir além. Então vou pôr em prática. Vou usar esse blog como um ponto de encontro de mim comigo mesma. Onde vou refletir sobre o que eu fizer. Espero que quem por aqui passar, leve uma lição pra toda a vida.

Quando te dizem que a vida é curta, estão mentindo. A vida é longa e você vai carregar sua bagagem por muito tempo. Há coisas que jamais você poderá mudar e coisas que vão te fazer sofrer pra sempre. Mas você pode fazer outras boas, das quais vai se orgulhar pra sempre.

Se não gosta de como as coisas estão, mude. Faça diferente, tome a iniciativa e refaça os planos.  VOCÊ vai carregar o peso de suas escolhas e ter responsabilidades não é estar em uma prisão.

Eu vou viver...